Nos anos 70 tivemos grandes goleiros no cenário do futebol mundial. Um deles, provavelmente um dos mais subestimados, foi o sueco Ronnie Hellström, tema da coluna de goleiros históricos de hoje.
Nascido na cidade de Malmö em 1949 e aos 13 anos se mudou para a capital sueca, Estocolmo, para jogar nas categorias de base do Hammarby. Seu pai também havia sido goleiro a nível amador e desde sempre, o jovem Ronnie demonstrou talento para as metas.
Seu primeiro jogo no time profissional do Hammarby foi aos 17 anos e aos 19, já era presença frequente da seleção da Suécia. Seu primeiro mundial seria em 1970, no México. Dotado de excelente estatura em comparação para os goleiros da época (1,92m), se notabilizava por ser um goleiro de boa confiabilidade e de simplicidade nas defesas.
A primeira partida dos suecos, que haviam sido vice campeões do mundo em 1958 e voltariam a um mundial após 12 anos ausentes, seria contra a Itália. O jovem de 21 anos seria o principal culpado pela derrota por 1x0, após falhar no gol de Domenghini. Nas outras duas partidas do grupo, Hellström foi colocado no banco de reservas e assistiu sua seleção ser eliminada ainda na primeira fase do torneio.
Quatro anos depois, o goleiro voltaria a ser titular em uma Copa do Mundo. Mais amadurecido, foi eleito o melhor jogador sueco em 1971 e chegaria ao mundial da Alemanha no auge de sua forma.
Dessa vez, ele não decepcionaria. Mostrou-se seguro e eficaz durante todo o torneio. Sua seleção seria eliminada apenas na fase final, quando caiu em uma chave onde enfrentaria Polônia e Holanda, seleções que foram a terceira e segundas colocadas daquele mundial.
Após a Copa do Mundo, ele deixaria o Hammarby e passaria a defender o Kaiserslautern da Alemanha, onde logo ganhou o status de ídolo, por mais que nunca tenha conquistado títulos (apenas dois vice campeonatos da DFB Pokal).
Na sua última participação em mundiais, em 1978, na Argentina (que na época vivia problemas políticos relacionados a brutal ditadura imposta pelos militares, que viram na organização do torneio a oportunidade ideal para popularizar o regime e promover a distração nacional dos problemas políticos e econômicos que ocorreram no país na época.
A Suécia empataria com o Brasil e perderia para Áustria e Espanha pela diferença mínima. O goleiro protagonizou uma das defesas mais bonitas da história das Copas em jogo contra os austríacos, onde defendeu a cabeçada de Kreuz a queima roupa.
Porém, o mundial de 78 ficaria marcado para Hellström por parte de um acontecimento de cunho político. Segundo o que se noticiou na época, o goleiro, além dos jogadores Roy e Roland Andersson (que não são parentes) estariam participando das manifestações relacionadas as "Mães da Praça de Maio" (Madres de Plaza de Mayo), onde mulheres que se reúnem na Praça de Maio, Buenos Aires, para exigirem notícias de seus filhos desaparecidos durante a ditadura militar na Argentina (1976-1983). Anos depois, Hellström em entrevista ao site Terra, negou que estava na Praça, como muitos pensam e que apenas viu o que estava acontecendo e que mesmo contra o regime militar argentino, foi orientado, assim como seus colegas de seleção a não falar nada sobre política enquanto estivessem na Argentina.
O goleiro se aposentou da seleção de seu país em 1980, com 77 jogos em toda sua carreira. Jogou profissionalmente até 1984 pela equipe do Kaiserslautern, quando se aposentou. Porém, em 1988 voltaria a campo por uma partida pelo GIF Sundsvall, devido a uma emergência da equipe, que não poderia contar com seus goleiros que estavam lesionados. Na época ele tinha 39 anos.
Após essa última aposentadoria, Hellström passaria a exercer cargos de preparador de goleiros em clubes como o Hammarby e o Malmö. Seu filho, Erland, também foi goleiro, sem o mesmo sucesso de seu pai, e atualmente exerce a função de preparador de goleiros da equipe do IK Frej.
Fiquem com um vídeo de grandes defesas da carreira desse, "desconhecido" goleiro, provavelmente um dos maiores da história do futebol sueco.