sábado, 12 de outubro de 2013

Goleiros Históricos #3 - Danrlei

A tradição de grandes goleiros gremistas começou com Eurico Lara, ainda na década de 20 e 30. Ele que nem era goleiro, foi encontrado "quebrando um galho" como guarda metas em um jogo em sua cidade, Uruguaiana e logo ganhou status de ídolo e lenda na equipe do Grêmio, tanto é que tem seu nome inclusive citado no hino do clube.

"Lara, o Craque Imortal 
Soube o seu nome elevar.
Hoje, com o mesmo ideal, 
Nós saberemos te honrar."


Muitos outros grandes goleiros passaram pelo Grêmio. Émerson Leão, Mazarópi, Victor, etc. Porém, de todos eles, um se destacou, pelo espírito "copero y peleador", das "hinchas" gaúchas. Seu nome é Danrlei de Deus Hinterholz, ou simplesmente Danrlei, para muitos o maior goleiro da história do Grêmio.



A história de Danrlei é bem curiosa. O primeiro fato curioso é que, Danrlei, nascido no ano de 1973 em Crissiumal, Rio Grande do Sul, é conterrâneo de outro famoso goleiro, Taffarel, ídolo no rival Internacional e grande destaque na seleção brasileira.

Sua carreira começou também por acaso. No ano de 1987, de viagem de férias a capital do Rio Grande do Sul, Danrlei estava com seu tio, Beto, que era goleiro do time profissional do Grêmio e que com receio de deixar o jovem sozinho, pois ele não conhecia Porto Alegre, o levou para acompanhar o treino. Logo o jovem tratou de ser o gândula, porém, não um gândula normal, que apenas devolvia bolas ao campo e sim  tentando interceptar os chutes errados dos atletas gremistas como se já fosse um goleiro, frequentemente pulando atrás das bolas perdidas. Essa sua "brincadeira"  imediatamente foi vista pelo auxiliar técnico Paulo Lumumba, que o convidou para treinar no Grêmio. Em janeiro do ano de 1988, após receber cobranças da mãe para que ele voltasse para o início das aulas ele recebeu a resposta que mudaria sua vida: era jogador do Grêmio.

Danrlei, de óculos, quando defendia o juniores do Grêmio.
A partir daí, o garoto "Dandi" seu apelido de infância, virou do Olímpico. Morava nos alojamentos no estádio, dado que seu tio Beto havia saído da equipe gaúcha. Era apenas a quarta opção dos goleiros juvenis, mas com sua dedicação, veio a se tornar o titular. Porém, aquele mesmo ano marcaria uma perda extremamente significativa em sua vida: sua mãe, faleceria, vítima de câncer. Danrlei queria voltar para a terra natal, desistir de tudo, porém foi forte e permaneceu seguindo em busca de seu sonho.

Após seis anos no tricolor gaúcho, Danrlei teve sua chance como titular com apenas 20 anos, depois de outro acontecimento curioso. O Grêmio estava em excursão na Europa, quando o titular Ademir Maria e o primeiro reserva Eduardo Heuser estavam lesionados e Danrlei seria o titular contra o Cagliari, no qual o Grêmio empataria em 1x1, com o goleiro como o principal destaque do time. Felipão, treinador do Grêmio na época foi o responsável por colocá-lo como o titular da equipe ainda naquele ano, onde ele faturaria o Gauchão.

No ano seguinte, a primeira conquista nacional de Danrlei, a Copa do Brasil, vencida diante do Ceará que garantiram ao time gaúcho vaga na Libertadores da América de 1995, que viria a ser o auge da carreira do goleiro.



A Libertadores de 1995 foi inesquecível para os gremistas. Para Danrlei, ficou marcada pelas suas excelentes atuações e pelo espírito aguerrido que marcaria para sempre sua carreira. Nas quartas de final, contra o Palmeiras, após a expulsão de Dinho do Grêmio e Válber do Palmeiras, Danrlei vira de sua "goleira"(trave em "gauchês") que a discussão não acabara e que Válber tinha ajuda de um membro da comissão técnica do Palmeiras para a agressão. Sem alternativas, Danrlei saiu de sua meta e partiu para ajudar o companheiro de time, agredindo o membro com socos e pontapés. Danrlei não foi expulso, porém seria expulso no jogo seguinte do Grêmio, que perderia por 5x1 fora de casa, mas se classificaria devido a goleada por 5x0 no jogo em Porto Alegre. O título continental viria após vencer na final o Atlético Nacional da Colômbia, time do folclórico René Higuita. A alegria do Grêmio só não foi completa em 1995 pois perderam o mundial de clubes, para o Ajax de Edwin Van der Sar, base da seleção holandesa de 1998. Além disso, foi reserva de Taffarel na Copa América de 1995, quando o Brasil foi vice campeão.


Foram no total 14 títulos em sua carreira pelo Grêmio, encerrada em 2004, devido a problemas de relacionamento com o treinador do time, Adílson Batista, que optaria por Eduardo Martini. O mesmo Adílson, capitão da Libertadores de 1995, a qual Danrlei venceria. Foi para o Fluminense, onde fez apenas 4 jogos.



Ainda atuou pelo Atlético Mineiro, onde teve até boa sequência de jogos, porém, não era mais o mesmo goleiro do Grêmio Passou ainda pelo Beira Mar de Portugal, São José onde fez sua primeira partida no Estádio Olímpico como visitante, Remo e Brasil de Pelotas. Esse último, marcado pela tragédia que veio a ocorrer devido ao acidente com o ônibus do time, vitimando o grande ídolo xavante, o uruguaio Claudio Millar.
No enterro de Claudio Millar a emoção tomou conta de todos os atletas ligados ao Brasil de Pelotas.
Danrlei parou de atuar no ano de 2009, e sua despedida dos gramados foi no local onde ele sempre sonhou. No Olímpico, reunindo os jogadores do Grêmio da conquista da Libertadores de 1995, além de outros ídolos do time gaúcho. Era o fim da carreira de uma verdadeira lenda do time gaúcho, heroi em Grenais e em outras tantas ocasiões.

Algumas curiosidades interessante sobre ele é que o ex-goleiro é  DJ nas horas vagas em festas no Rio Grande do Sul e atualmente é deputado federal, tendo sido o quarto mais votado no estado do Rio Grande do Sul.



Encerro essa postagem com um vídeo com grandes momentos da carreira dele. Como diria a Geral do Grêmio
"São muitos anos de glória, Danrlei, tu é nossa história!"

Um comentário:

  1. darlei fui colega no gremio 1987 e parabens pela sua carreira extraordinaria valeu darlei

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