segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Goleiros Históricos #13: Ronnie Hellström

Nos anos 70 tivemos grandes goleiros no cenário do futebol mundial. Um deles, provavelmente um dos mais subestimados, foi o sueco Ronnie Hellström, tema da coluna de goleiros históricos de hoje.


Nascido na cidade de Malmö em 1949 e aos 13 anos se mudou para a capital sueca, Estocolmo, para jogar nas categorias de base do Hammarby. Seu pai também havia sido goleiro a nível amador e desde sempre, o jovem Ronnie demonstrou talento para as metas.

Seu primeiro jogo no time profissional do Hammarby foi aos 17 anos e aos 19, já era presença frequente da seleção da Suécia. Seu primeiro mundial seria em 1970, no México. Dotado de excelente estatura em comparação para os goleiros da época (1,92m), se notabilizava por ser um goleiro de boa confiabilidade e de simplicidade nas defesas. 


A primeira partida dos suecos, que haviam sido vice campeões do mundo em 1958 e voltariam a um mundial após 12 anos ausentes, seria contra a Itália. O jovem de 21 anos seria o principal culpado pela derrota por 1x0, após falhar no gol de Domenghini. Nas outras duas partidas do grupo, Hellström foi colocado no banco de reservas e assistiu sua seleção ser eliminada ainda na primeira fase do torneio. 

Quatro anos depois, o goleiro voltaria a ser titular em uma Copa do Mundo. Mais amadurecido, foi eleito o melhor jogador sueco em 1971 e chegaria ao mundial da Alemanha no auge de sua forma. 

Dessa vez, ele não decepcionaria. Mostrou-se seguro e eficaz durante todo o torneio. Sua seleção seria eliminada apenas na fase final, quando caiu em uma chave onde enfrentaria Polônia e Holanda, seleções que foram a terceira e segundas colocadas daquele mundial. 

Após a Copa do Mundo, ele deixaria o Hammarby e passaria a defender o Kaiserslautern da Alemanha, onde logo ganhou o status de ídolo, por mais que nunca tenha conquistado títulos (apenas dois vice campeonatos da DFB Pokal). 


Na sua última participação em mundiais, em 1978, na Argentina (que na época vivia problemas políticos relacionados a brutal ditadura imposta pelos militares, que viram na organização do torneio a oportunidade ideal para popularizar o regime e promover a distração nacional dos problemas políticos e econômicos que ocorreram no país na época. 

A Suécia empataria com o Brasil e perderia para Áustria e Espanha pela diferença mínima. O goleiro protagonizou uma das defesas mais bonitas da história das Copas em jogo contra os austríacos, onde defendeu a cabeçada de Kreuz a queima roupa. 

Porém, o mundial de 78 ficaria marcado para Hellström por parte de um acontecimento de cunho político. Segundo o que se noticiou na época, o goleiro, além dos jogadores Roy e Roland Andersson (que não são parentes) estariam participando das manifestações relacionadas as "Mães da Praça de Maio" (Madres de Plaza de Mayo), onde mulheres que se reúnem na Praça de Maio, Buenos Aires, para exigirem notícias de seus filhos desaparecidos durante a ditadura militar na Argentina (1976-1983). Anos depois, Hellström em entrevista ao site Terra, negou que estava na Praça, como muitos pensam e que apenas viu o que estava acontecendo e que mesmo contra o regime militar argentino, foi orientado, assim como seus colegas de seleção a não falar nada sobre política enquanto estivessem na Argentina. 


O goleiro se aposentou da seleção de seu país em 1980, com 77 jogos em toda sua carreira. Jogou profissionalmente até 1984 pela equipe do Kaiserslautern, quando se aposentou. Porém, em 1988 voltaria a campo por uma partida pelo GIF Sundsvall, devido a uma emergência da equipe, que não poderia contar com seus goleiros que estavam lesionados. Na época ele tinha 39 anos. 

Após essa última aposentadoria, Hellström passaria a exercer cargos de preparador de goleiros em clubes como o Hammarby e o Malmö. Seu filho, Erland, também foi goleiro, sem o mesmo sucesso de seu pai, e atualmente exerce a função de preparador de goleiros da equipe do IK Frej.


Fiquem com um vídeo de grandes defesas da carreira desse, "desconhecido" goleiro, provavelmente um dos maiores da história do futebol sueco.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

A ascensão de Adrián San Miguel

O West Ham faz uma boa campanha na atual temporada da Premier League e um dos grandes responsáveis por esse feito, é seu goleiro, o espanhol Adrián San Miguel, que chegou na temporada passada aos Hammers, que foi de desconhecido a um dos grandes ídolos atuais da equipe do West Ham.


Nascido em Sevilla, no dia 3 de janeiro de 1987. Adrián iniciou sua carreira na equipe do colégio onde estudava, o Centro Educativo Altair e como muitos jovens, ele começou como atacante e foi levado para o gol devido a uma casualidade.

A equipe do colégio sevillano estava sem goleiro e o atacante Adrián, por ter uma boa estatura em relação as demais crianças passou a ser o arqueiro da equipe do colégio. De lá nunca mais saiu e falou ao seu treinador que tinha uma meta: ser o goleiro titular do Real Bétis, clube onde chegaria aos 11 anos. 

Após muitos anos nas categorias de base do Bétis, Adrián chegaria ao time principal em 2006, porém não seria utilizado com frequência, se convertendo no goleiro do time "B" do Bétis, posto que ele ocuparia até a temporada 2011-12, quando seria promovido ao posto de terceiro goleiro do time, sendo reserva de Iñaki Goitia e Casto. Com a saída de Goitia no final da temporada 2011-12, passou a ser o reserva de Casto no Bétis para a temporada 2012-13

A estreia dele no time principal do Bétis só viria na temporada seguinte. Após o titular Casto ser expulso em partida contra o Málaga,válido pela sexta rodada da La Liga, Adrián entrou e não pode evitar a já consumada goleada por 4x0. 


Na sua primeira partida como titular do Bétis, frente a Real Sociedad, foi figura com excelentes defesas que ajudaram a equipe a vencer o time basco por 2x0. Jogaria outros 31 jogos pelo time dde Sevilla na temporada, e faria outros grandes jogos, como na vitória sobre o poderoso Real Madrid por 1x0. 

Na temporada seguinte, o espanhol trocou o verde e branco do Bétis pela tradicional equipe inglesa do West Ham United. Sua estreia foi em agosto de 2013, em jogo da Copa da Liga Inglesa contra o Chelteham Town e seu primeiro jogo na Premier League foi frente ao Manchester United. 

Apenas na temporada 2013-14, onde fez 26 partidas e conquistaria o posto de titular dos Hammers, que antes era do finlandês Jussi Jääskeläinen.


Na atual temporada, o espanhol vem sendo um dos destaques do West Ham, que atualmente ocupa a quarta colocação na Premier League. Também ficou marcado por ter brigado com o polêmico atacante italiano Balotelli, do Liverpool, como podem conferir no vídeo a seguir: 


Suas boas atuações chamaram a atenção de Vicente del Bosque, treinador da seleção da Espanha que o elogiou bastante. Estaria Adrián San Miguel nos planos de Del Bosque, para a seleção espanhola? 

É evidente que o  portero vem demonstrando de forma muito efetiva sua qualidade frente a jogadores de alto nível, em uma liga altamente competitiva, em uma equipe onde pouco se esperava para essa temporada, se tornando rapidamente um dos ídolos atuais do West Ham United, um dos times mais tradicionais do futebol inglês. Se mantiver o nível, poderemos ver-lo em breve com a camisa da La Roja.

Fiquem com vídeos de boas intervenções de Adrián, a serviço do Bétis e do West Ham:


sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A lateralidade cruzada e os goleiros.

A definição de lateralidade é a predominância de mão, visual e pedal. Tanto o fator genético (hereditariedade), como o ambiental (experiências motoras), desenvolvidos ao longo da vida e que se manifestam inicialmente na infância, influenciam na preferência de uma pessoa. Por exemplo, se a pessoa escreve e chuta com o pé direito, dizemos que esta pessoa é destra-homogênea, se ela escreve com a mão esquerda e chuta com o pé esquerdo, chamamos ela de canhota-homogênea e caso possua a dominância espontânea nos dois lados do corpo, executa os mesmos movimentos em ambos os lados(os de escrita e /ou chute) são chamadas de ambidestras. 


Sabe-se que a metade esquerda do corpo é controlada pelo hemisfério direito do cérebro, ao passo que a outra metade é controlada pelo hemisfério esquerdo. Quando há dominância do hemisfério esquerdo, temos o indivíduo destro; quando ocorre a dominância do hemisfério direito, temos o indivíduo canhoto. É legítimo, porém, admitir que haja colaboração dos dois hemisférios na elaboração da inteligência. O indivíduo canhoto é o inverso do destro, que isso implica uma organização cerebral diferente. 
Porém, podem ocorrer, alguns casos em que a pessoa contrarie essa tendência natural e passe a utilizar a mão ou o pé não dominante em detrimento da dominante. Neste caso ela possui lateralidade cruzada, quando usa a mão direita e o pé esquerdo ou qualquer outra combinação. 

Um fator, extremamente interessante tem sido observado e nos leva a uma interessante questão: porque a Lateralidade Cruzada é o denominador comum de diversos goleiros de elite?


Vamos a alguns exemplos: Thibaut Courtois, Iker Casillas, Dida, Hugo Lloris, Jefferson, Roman Weidenfeller, entre outros. Ambos possuem uma característica em comum: destros de mão e canhotos com os pés, além disso, são goleiros de elite, tendo passagens pelas seleções de seus países.


A explicação para esse sucesso é simples e refere-se ao desenvolvimento dos hemisférios do cérebro. Um indivíduo ambilateral, sobretudo um atleta de alto nível, consegue desenvolver uma organização cerebral diferente de um indivíduo completamente destro ou completamente canhoto. A plasticidade neural que confere ao cérebro a habilidade para assumir funções específicas como resultado da experiência, ou seja, os neurônios podem modificar suas conexões conforme o uso de determinados circuitos neurais.

Em resumo, a lateralidade cruzada mostra a capacidade do atleta em integrar de modo eficaz os dois lados do corpo, sendo uma espécie de radar, que contribuí muito com a percepção, sensibilidade e orientação de um goleiro dentro de uma partida de futebol. Em termos de motricidade, temos uma competência por parte dos ambilaterais, que desenvolveram elevada orientação em campo.

Não que um goleiro ambilateral seja melhor que um destro ou canhoto, mas esse fator, sem dúvidas é um diferencial bem interessante, mas que não servirá de nada, caso o atleta não tenha empenho na prática da modalidade.